A Zona Glomerulosa

Dez 24, 2021

As glândulas supra-renais são glândulas endócrinas emparelhadas encontradas no topo dos rins. São compostas por uma medula interna e um córtex externo, que por sua vez está dividido em três zonas. A zona glomerulosa é a camada mais externa do córtex adrenal e é responsável pela secreção das hormonas mineralocorticóides, que são importantes na regulação do equilíbrio hídrico. Mais informações sobre a anatomia das glândulas supra-renais podem ser encontradas aqui.

Neste artigo, discutiremos a estrutura da zona glomerulosa, assim como as funções dos hormônios que ela produz.

Estrutura

A zona glomerulosa é a camada mais externa do córtex adrenal, situada logo abaixo da cápsula adrenal fibrosa. Ela é responsável por cerca de 15% da espessura do córtex.

As células secretoras da zona glomerulosa estão dispostas em grupos de forma oval – seu nome vem da palavra latina glomus, que significa bola. Estes aglomerados são divididos por bandas de tecido conjuntivo chamadas trabéculas que se estendem para dentro do córtex a partir da cápsula adrenal. O fornecimento de sangue para as células secretoras viaja dentro destas trabéculas.

Fig 1 – Histologia da glândula adrenal.

Função

A função primária da zona glomerulosa é a síntese de hormonas mineralocorticóides, que desempenham um papel importante na manutenção do equilíbrio electrolítico e hídrico do organismo. Os mineralocorticóides são hormônios esteróides, portanto são sintetizados a partir do colesterol.

O mineralocorticoide mais importante é a aldosterona, que é responsável pelo controle da captação de Na+ e secreção de K+ no ducto coletor do túbulo renal. A aldosterona atua dentro da célula tubular para aumentar a transcrição de Na+/K+-ATPase e ENaC (canais epiteliais de sódio), promovendo a reabsorção de Na+ e a excreção de K+.

Os seguintes fatores aumentam a taxa de produção de aldosterona dentro da zona glomerulosa:

  • Aumento da concentração plasmática de Angiotensin-II
  • Aumento da concentração plasmática de K+
  • Diminuição do pH plasmático (acidose)
  • Diminuição da pressão arterial, como detectado pelos receptores de estiramento atrial

É importante notar também que a secreção aldosterona segue um ritmo diurno, com níveis mais altos tipicamente sendo liberados durante o sono.

Apesar de todos os fatores acima serem importantes na produção e secreção de aldosterona, um dos mais importantes é a concentração plasmática de Angiotensina-II. A liberação de aldosterona é, portanto, uma parte importante do sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS) que é fundamental na regulação a longo prazo da pressão arterial. Mais informações sobre o RAAS podem ser encontradas aqui.

Pertinência Clínica – Síndrome de Conn

Síndrome de Conn ocorre quando os pacientes desenvolvem um adenoma (tumor benigno) da zona glomerulosa que segrega o excesso de aldosterona, levando ao hiperaldosteronismo primário. Esta condição é geralmente assintomática, no entanto, alguns pacientes irão apresentar cãibras musculares, dores de cabeça e letargia devido a distúrbios eletrolíticos. Mais importante ainda, a reabsorção aumentada de sódio e água pelos rins leva à hipertensão, o que aumenta o risco do paciente de doenças como acidentes vasculares cerebrais e doenças cardíacas isquêmicas.

Síndrome de Conn é geralmente tratada pela remoção cirúrgica do tumor. O paciente também pode receber espironolactona (antagonista da aldosterona) para reduzir sua pressão arterial e aliviar quaisquer sintomas antes da cirurgia.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.