Na sociologia, a perspectiva funcionalista examina como funcionam as partes da sociedade. De acordo com o funcionalismo, existem diferentes aspectos da sociedade porque eles servem um propósito necessário. Qual é a função da estratificação social?
Em 1945, os sociólogos Kingsley Davis e Wilbert Moore publicaram a tese Davis-Moore, que defendia que quanto maior a importância funcional de um papel social, maior deve ser a recompensa. A teoria postula que a estratificação social representa o valor intrinsecamente desigual de diferentes trabalhos. Certas tarefas na sociedade são mais valiosas do que outras. Pessoas qualificadas que preenchem esses cargos devem ser recompensadas mais do que outras.
De acordo com Davis e Moore, o trabalho de um bombeiro é mais importante do que, por exemplo, o de um caixa de uma mercearia. A posição de caixa não requer a mesma habilidade e nível de treinamento que o combate a incêndios. Sem o incentivo de salários mais altos e melhores benefícios, porque é que alguém estaria disposto a apressar-se a queimar edifícios? Se os níveis salariais fossem os mesmos, o bombeiro poderia tão bem trabalhar como o caixa de uma mercearia. Davis e Moore acreditavam que recompensar um trabalho mais importante com níveis mais altos de renda, prestígio e poder incentiva as pessoas a trabalharem mais e por mais tempo.
Davis e Moore afirmaram que, na maioria dos casos, o grau de habilidade necessário para um trabalho determina a importância desse trabalho. Eles também afirmaram que quanto mais habilidade necessária para um trabalho, menos pessoas qualificadas existiriam para fazer esse trabalho. Certos trabalhos, como limpar corredores ou atender telefones, não requerem muita habilidade. Os funcionários não precisam de um diploma universitário. Outros trabalhos, como projetar um sistema de rodovias ou fazer o parto de um bebê, requerem imensa habilidade.
Em 1953, Melvin Tumin contrariou a tese Davis-Moore em “Alguns Princípios de Estratificação”: Uma Análise Crítica”. Tumin questionou o que determinava o grau de importância de um trabalho. A tese de Davis-Moore não explica, argumentou ele, porque uma personalidade da mídia com pouca educação, habilidade ou talento se torna famosa e rica em um reality show ou em uma trilha de campanha. A tese também não explica as desigualdades no sistema educativo ou as desigualdades devidas à raça ou ao género. Tumin acreditava que a estratificação social impedia pessoas qualificadas de tentarem preencher papéis (Tumin 1953). Por exemplo, um jovem desfavorecido tem menos hipóteses de se tornar um cientista, por mais inteligente que seja, por causa da relativa falta de oportunidades disponíveis. A tese de Davis-Moore também não explica porque um jogador de basquete ganha milhões de dólares por ano quando um médico que salva vidas, um soldado que luta pelos direitos dos outros e um professor que ajuda a formar as mentes de amanhã provavelmente não ganhará milhões ao longo de suas carreiras.
A tese de Davis-Moore, embora aberta ao debate, foi uma tentativa precoce de explicar porque a estratificação existe. A tese afirma que a estratificação social é necessária para promover a excelência, a produtividade e a eficiência, dando assim às pessoas algo pelo qual lutar. Davis e Moore acreditavam que o sistema serve a sociedade como um todo porque permite que todos se beneficiem até certo ponto.