Quando se trata da sua saúde vaginal, a maioria das mulheres está apenas demasiado consciente dos sintomas bastante irritantes do tordo, mas poucas pessoas percebem que o mesmo fermento (Candida albicans) que causa o tordo vaginal, também pode florescer no ambiente quente e húmido da boca, causando o tordo oral. Dado que esta levedura irritante é facilmente capaz de colonizar a boca da mesma forma que coloniza a vagina, vale a pena perguntar se o manejo destas duas condições deve ser o mesmo. Estive observando as pesquisas científicas disponíveis sobre o uso de probióticos (veja este artigo sobre probióticos no Laboratório de Aprendizagem de Probióticos) como um componente de um protocolo de limpeza de tordo oral e resumi os sintomas & achados abaixo.
Os sintomas
Os sintomas do tordo oral são fáceis de reconhecer já que a levedura dá origem a uma espessa camada branca na língua, e/ou manchas brancas no interior das bochechas. Os doentes podem também ver áreas de inflamação na boca, ter fissuras vermelhas nos cantos dos lábios ou notar um sabor desagradável na boca, ou odor no hálito.
Os sintomas surgem frequentemente após um curso de antibióticos, uma vez que os antibióticos esgotam os nossos níveis de flora benéfica, e permitem que os agentes patogénicos cresçam em excesso. Os lactentes são ainda mais propensos a desenvolver tordo oral como consequência da ingestão de antibióticos, uma vez que muitas vezes recebem os seus antibióticos em forma líquida ou em xarope, que reveste a boca e a língua à medida que a engolem. Isto afecta a flora oral muito mais do que tomar uma cápsula ou comprimido (talvez queira ler mais sobre o tema dos antibióticos e o seu efeito nas nossas bactérias amigáveis no nosso site irmão – Laboratório de Aprendizagem). Outros medicamentos, como esteróides e especialmente inaladores de esteróides usados para tratar a asma também podem causar um crescimento excessivo de Candida na boca, assim como o uso de lava-bocas antibacterianas que esgotam os níveis de bactérias boas e más na boca.
Adicionalmente, outros factores do estilo de vida como uma dieta pobre (especialmente aqueles ricos em açúcares e hidratos de carbono refinados), stress, envelhecimento, higiene dentária inadequada e o uso de dentaduras também podem contribuir para o desenvolvimento do tordo bucal.
Pode os probióticos ajudar?
Faz sentido que você trate o crescimento excessivo de Candida na boca da mesma forma que trataria qualquer outro crescimento excessivo de Candida. O protocolo natural padrão de Candida usado por muitos praticantes é baseado na eliminação de açúcares e outros carboidratos refinados (já que estes são as fontes alimentares favorecidas para leveduras) e na adição de suplementos anti-fúngicos como orégãos, alho, extrato de semente de toranja ou ácido caprílico. Os probióticos são usados como parte importante do plano de tratamento, pois ocupam o espaço na parede intestinal, deixado pela eliminação da levedura, e impedem que ela volte.
No entanto, suposições e ‘suposições’ educadas são uma coisa, mas existe alguma pesquisa científica por aí que apóie o uso de probióticos para tordo oral? A boa notícia é que existe!
Um estudo de 20071 publicado no ‘Journal of Dental Research’ deu a 276 idosos 50g de queijo probiótico, ou 50g de um queijo normal, ou de ‘controle’ todos os dias durante 16 semanas. As suas amostras de saliva foram analisadas no início e no final do ensaio, e a contagem total de células de levedura foi anotada. O ensaio mostrou que aqueles do grupo probiótico tinham contagens de células de levedura significativamente mais baixas no final do período do estudo. De fato, a intervenção probiótica reduziu o risco de altas contagens de leveduras em 75%, e também reduziu o risco de hiposalivação (baixos níveis de saliva) em 56%. O ensaio foi resumido dizendo que as bactérias probióticas podem ser ‘eficazes no controle da candidíase oral’.
Adicionalmente um estudo brasileiro2 , publicado no ‘Brazilian Dental Journal’ de 2012, mostrou que o consumo de um iogurte probiótico específico três vezes por semana durante um período de 30 dias, levou a uma diminuição da prevalência de Candida nas amostras de saliva dos sujeitos do ensaio, juntamente com um aumento estatisticamente significativo dos anticorpos anti-candida específicos na boca. Embora este tenha sido um estudo relativamente pequeno, com apenas 42 participantes, os resultados foram muito promissores, e os pesquisadores resumiram que ‘as bactérias probióticas reduziram o número de Candida na cavidade oral dos idosos e aumentaram as respostas imunológicas secretas específicas contra essas leveduras, sugerindo seu possível uso no controle da candidíase oral’
Sumário
Mais pesquisas científicas ainda precisam ser feitas para identificar as melhores cepas de probióticos para um protocolo de tratamento com Candida oral. Entretanto, estudos preliminares parecem apoiar a teoria geral de que culturas vivas poderiam ter um papel a desempenhar no manejo desta condição.
Faz sentido que todos os outros elementos de um plano natural anti-Candida também devam ser aderidos, a fim de obter os melhores resultados, em vez de simplesmente adicionar bactérias amigáveis para atingir a flora oral. A eliminação de açúcares e carboidratos refinados é especialmente importante, uma vez que o açúcar se cola aos dentes e estimula o crescimento excessivo de leveduras, ao mesmo tempo que altera o pH da boca.
Parece também sensato tomar medidas para limpar o tracto digestivo de Candida albicans, uma vez que um crescimento excessivo na boca indicaria frequentemente um crescimento excessivo mais abaixo no tracto digestivo. Tomar um suplemento de cultura viva diária, juntamente com uma cepa especial de levedura probiótica, poderia oferecer apoio essencial quando se procura reequilibrar a flora intestinal nesta situação.
- J Dent Res: 2007 Feb;86(2):125-30. Os probióticos reduzem a prevalência de candida oral em idosos, um estudo randomizado e controlado. Hatakka K1, Ahola AJ, Yli-Knuuttila H, Richardson M, Poussa T, Meurman JH, Korpela R.
- Braz. Dent. J. vol.23 no.5 Ribeirão Preto Set./Out. 2012. Efeitos das bactérias probióticas na presença de Candida e IgA anti-Candida na cavidade oral de idosos. Fabio Henrique Boarini Pacheco MendonçaI; Silvana Soléo Ferreira dos SantosI; Ivan da Silva de FariaI; Célia Regina Gonçalves e SilvaI; Antônio Olavo Cardoso JorgeII; Mariella Vieira Pereira LeãoI.
- Image source: Caring4Smiles
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